III Caminhada: Trilho da Peneda à lupa

Duas semanas antes deste dia tínhamos efectuado o reconhecimento do "Trilho da Peneda" e constatado a singela beleza da paisagem. Depois de adiarmos por uma semana, devido às más condições atmosféricas, a sofreguidão era tanta que resolvemos avançar quando a previsão indicava aguaceiros fracos. Fracos!? Umas pinguinhas não fazem mal a ninguém. Era o agora ou nunca. Fomos. Era o íamos ou rachava. As explicações virão a seguir... rachou!

Às 7h em ponto saímos da Estação de Ermesinde depois recolhemos o José e uma indeterminada quantidade de cafeína. Seguimos todos em dois carros, três pessoas por carro. Diriam os ambientalistas "que desperdício", mas as associações dos animais apoiaram esta medida. Seis no mesmo carro e nenhum vegetariano ocupam demasiado espaço!

Pouco depois de passarmos por Arcos de Valdevez, começaram as hostilidades. Cortamos pela floresta. As folhas que jaziam pelas bermas, contribuíam para uma mistura de cores, predominantemente avermelhadas, especialmente realçadas pelas gotas de água que as banhavam. Primeiro soco no estômago, maravilhados seguimos para as montanhas.


Nas montanhas, uma sucessão de paisagens deliciosas, onde populações se cravaram aqui e ali como diamantes em bruto. Segundo soco, continuamos.


No miradouro de Tibo, o som do silvar que o vento produzia, foi drasticamente abafado por um som infelizmente mais familiar. Um automóvel abrira as goelas, pensamos que queria passar e as vacas de raça barrosã, na sua característica calma desafiante, estavam-se borrifando.


Gancho de esquerda. Estávamos errados! A condutora era principalmente uma pastora e num golpe de "desenrascanço", típico do português, usava o automóvel e uma vara de pão para conduzir também o gado. Pormenor demasiado delicioso para não partilhar com os nossos (dois) leitores.

Quando finalmente estávamos a chegar ao Santuário da N. Sra. da Peneda, em deslumbres por entre o arvoredo, o santuário, a montanha e a queda de água que abundantemente a cortava, transportava-nos para um cenário digno de um tal filme "A Senhora dos Anéis". Golpe baixo e, embora sejamos pesos-pesados, caímos antes de terminar 1º round. Já tinha dito que não gosto particularmente de Boxe? Afirmo, sem margem para dúvidas, que a viagem de carro por si só já valia a pena.

Meia hora depois da hora marcada, depois das apresentações ao José, ao Eugénio (sem separação de palavras e consequente auto elogio) e à Maria Miguel, partimos do santuário pela estrada de asfalto à sua direita. Asfalto!? Cruzes, Credo, Canhoto! Bem, a alternativa era ir a nado pelo rio Peneda, mas com a quantidade de água que este debitava, retiramos os fatos de mergulho e fomos a pé.

Um pouco mais à frente, lá seguimos por um carreiro em terra, até ao inicio do percurso "Trilho da Peneda". Um quadro perto da estrada, junto ao parque em terra das camionetas, fornecia dados relevantes sobre o percurso. O problema é que por vandalismo ou vergonha, da placa de inicio, apenas existia o pau ao alto e a vedação por onde se devia seguir encontra-se fechada. Abrimos sem dificuldade a espécie de porta que esta continha, porta essa que evita a "Fuga da Vacas", por isso e seguindo as recomendações, voltamos a colocar como estava anteriormente.


Num ápice, vestimos agora togas. Quase todo o percurso é feito sobre caminhos romanos, que muitas vezes eram construídos pela tropa de elite do seu exercito. O esforço despendido pelos soldados servia de preparação para melhorar a sua condição física. Não encontramos nenhum marco milinário pelo percurso, talvez porque não fossemos atentos.

A medida que íamos subindo, por entre o nevoeiro ainda conseguíamos ver o esplendor da paisagem. Um fio de água escorria do alto da montanha à nossa direita e um arco íris acompanhava todo o seu percurso. Não tivemos tempo de procurar o seu tesouro. Continuamos e olhando para trás as meninas vinham conversando, alheias à inclinação da subida o que eram bom. Regularmente as incentivava, indicando "É já ali que acaba". Afinal a rosca tinha um fim e lá chegamos onde nos esperava um bonito arbusto de Azevinho. É uma planta protegida, por estar em vias de extinção. Ao longo do percurso outras irão aparecer, observe a sua beleza sem tocar.


A chuva começava a fustigar, e num rasgo de genialidade, resolvemos ir nos abrigar debaixo de uma árvore. Agora, sempre que o vento se anunciava, a chuva fraca dava lugar a aguaceiros fortes. Saímos. Passamos no ponto mais alto onde a rocha tem uma abertura que se assemelha a uma porta. Conhecido por Portas, era ai onde chegavam carros de bois carregados para as populações efectuarem trocas comerciais.

A foto de grupo, fotógrafo não incluído, foi tirada já na descida. Numa vista fantástica sobre Bouça dos Homens. As meninas queria ir visitar a aldeia, os restantes não. Porque será? Se tiver tempo, aconselho a fazer um desvio ao percurso marcado, atravessar a estrada de asfalto e entrar no caminho em terra que os leva à aldeia.


Sem sinalização do percurso adequada, nós continuamos para a esquerda, seguindo por uns metros a estrada de asfalto, subindo num caminho de pé-posto que fica antes de chegar à ponte. À medida que íamos subindo, ficava para trás Bouça dos Homens e outras aldeias das redondezas iam aparecendo.


Estava a chegar a hora do almoço. Resolvemos ir ao restaurante "O Rochedo", no sentido literal claro. Os locais chamam-lhe o "Penedo Atravessado". Ainda brinquei que ia ser servido um leitão.


Quando o Nuno saca a dele de 22 cm. Fiquei muito surpreendido, principalmente por ser de... leitão!


Depois de um almoço animado, continuamos. A chuva agora fustigava sem parar e o vento forte tornava o ar mais frio. Comentou-se que Portas tinha ficada aberta. Quando começamos a descer, víamos ao longe a lagoa, mas o grupo estava desanimado devido às condições atmosféricas. Tentamos animar o grupo, incentivamos a continuar, por vezes parávamos em reentrâncias de rochas para nos abrigamos. Mas foi o S. Pedro que mais ajudou. Parou a chuva e o sol, rapidamente nos aconchegou. A moral aumentou à medida que este nos aquecia.


Já na Lagoa, conhecida pelos locais como "Pântano" a vista panorâmica é fantástica. Entretanto, como as nossas sombras tinham voltado, passamos a brincar juntos.


A sinalização do percurso mais uma vez é omissa. Se seguirmos o texto do mapa sabemos que temos que atravessar a Lagoa, mas não encontramos qualquer sinalização. Tínhamos que travessar o dique. Alertei que não havia perigo em atravessar, mesmo com água a transbordar, porque esta não era muito forte. Avalie sempre com cuidado a sua travessia, em alternativa tente passagem mais abaixo ou volte para trás.

Depois da travessia volte à ESQUERDA e siga a sinalização de Grande Rota (branco e vermelho).


Começamos a descida, neste ponto ainda pouco inclinada, até passamos por uma ponte para o outro lado do rio. A partir daqui a inclinação é mais acentuada e a chuva tornou o caminho romano demasiado escorregadio. Evite este percurso com tempo de chuva. Nos optamos por ter muito cuidado a descer e houve uma grande entreajuda para concretizarmos esta difícil descida.


Ao fundo aparecia agora a Aldeia da Peneda e o arco-íris indicava o caminho. Não tivemos tempo de procurar o seu tesouro.


Chegamos finalmente ao Santuário da Nossa Senhora da Peneda. À sua esquerda a Fraga da Meadinha, muito procurada por escaladores de todo o mundo. Antes de tomar um café, ainda falamos com a senhora da loja de louça. Já no reconhecimento ficamos a saber muitas curiosidades e locais para caminhar graças a esta simpática senhora. Não hesite em entrar e perguntar. Vai ficar surpreendido.

Quero agradecer a todos os participantes, principalmente ao José, Eugénio (Zona Pedonal) e Maria Miguel. Sabem que deixamos sempre a porta aberta e que os esperamos para novas aventuras.

Se perdeu esta caminhada pode repetir em 25 de Julho de 2010 (Blogue Pedestrianismo).


Boa(s) Caminha(das)
  • Nome: Trilho da Peneda
  • Local: Peneda (Arcos de Valdevez)
  • Partida/Chegada: Santuário da Nossa Senhora da Peneda (Peneda)
  • Tipo: Circular
  • Distância: 8.2km
  • Grau: Moderado/Dificil (devido à chuva)
  • Data: 2009-11-22
  • Participantes SR: Carlos, Leonel, Nuno, Catarina, Sérgio, Eugénio, Maria, José
  • Duração: 5:00
  • Organização: Solas Rotas
  • Mapa: Adere
  • Outras informações: Parque Nacional Peneda-Gerês, Zona Pedonal, Blogue Pedestrianismo

Comentários

  1. Boas a todos os SR;

    Espero que tenham gostado da III Caminhada Solas Rotas que foi Perto do Santuário da Nossa Senhora da Peneda para os lados de Arcos de Valdevez. Eu como um homem ocupado que sou não pude ir á caminhada mas pelo que já vi o pessoal gostou e tb já vi que tivemos elementos novos, desde já lhes dou as boas vindas ao nosso grupo SR.
    Fiquem á espera na nossa próxima caminhada que vai ser mais um sucesso e mais pertinha...
    Saudações pedestre deste vosso amigo.

    Kalima

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  2. Boas Amigos

    Queria agradecer aos nosso amigos que nos acompanharam, espero que tenham gostado da nossa aventura....desculpem a parte que tiveram que molhar os pés,espero que nos acompanhem em outras aventuras.

    Aos "Clickeiros" mandem as fotos que acharem mais interessantes para nós escolhermos as melhores para acrescentar ou mudar as que estão.

    Quanto ao "Big Broder" espero que desta vez seja mais rápido a escrever a crónica desta aventura

    Saudações Pedestres

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  3. Boas Amigos

    Fui uma grande aventura, com alguma dificuladade, devido essencialmente às condições climatéricas, mas que vai certamente perdurar na memória de todos, quer pelo trilho, que é magnifico, quer pelo grupo/convívio que foi excelente. Já seguiram fotos para o vosso mail.

    Grande abraço a todos

    Eugénio Rodrigues

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  4. Amigo Eugénio, foi um prazer caminhar ao vosso lado, partilhando os bons e principalmente os maus momentos.
    Os grupos unem-se na adversidade. A chuva, o vento e o frio fustigaram, mas nós aguentamos. Provamos o salgado para saborear o doce, e temos que admitir que nos melhores locais, até o S. Pedro ajudou.

    Um abraço.

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  5. Da próxima não faltará o cafézinho...tá prometido

    Cumprimentos para todos

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  6. Eu quero o pequeno almoço...~
    pode ser comadre...

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  7. Ainda falta colocar a altimetria e o ficheiro em formato kml

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