VIII Caminhada: Máscaras de Lazarim e Percurso da Anta de Mazes à Lupa

O sol entrava pela casa dentro através das pequenas frinchas da persiana. Convidava a acordar. Convidava a sair. Convidava a caminhar. Como um guloso, aceitei todos os convites de uma só vez e deixei-o entrar. Abri a persiana. Estava agora em marcha um ritual que se vai fortalecendo à medida que os anos vão passando pelo grupo Solas Rotas. Preparar a mochila, preparar o almoço volante e pequenos lanches, que pode incluir apenas 2 pêras ou pão sem nada. Esperar ou dar boleia até ao ponto de encontro. Conversar, conversar q.b., o que para alguns, eu incluído, é parar apenas para comer. Chegamos ao ponto de encontro omnipresente em todas as caminhadas, a Estação de Ermesinde. Quarenta e quatro solas partiram deste local. Seis solas foram ter ao ínicio do percurso em Lazarim.

Uma semana antes o Sérgio, o José e o Rocha foram fazer o reconhecimento do percurso. Até agora todas as caminhadas organizadas pelo grupo Solas Rotas tiveram um reconhecimento prévio. Normalmente resulta em pequenas alterações que tornam a caminhada mais agradável ou mais segura. Desde mudar o local para deixar as viaturas, a alterar partes do percursos, juntar percursos, etc. Desta vez juntamos o percurso PR6 - Mascaras de Lazarim e o PR4 - Percurso Anta de Mazes para justificar os cerca de 100 km de deslocação.

Na viagem até Lazarim, duas notas de registo. Os atalhos apenas nos metem em trabalhos, pois para cortarmos caminho na chegada à Régua ficamos retidos na passagem de nível. "Não se preocupem nós vamos já ter convosco. Houve uma espécie de franquinite (sair da rota sem dizer nada a ninguém)", dizia eu ao walkie-talkie. Já o José não está mesmo! Não se sabe bem como, mas mudaram a frequência do walkie-talkie e em vez do canal 8 estava o 8.18. Os "Estás a ouvir?", "Carrega no botão esquerdo para falar!", "Diz qualquer coisa...", perderam-se definitivamente no ar enquanto no jipe apenas se preocupavam em não virar o barco?!!

A paisagem na parte inicial do percurso não estava muito bonita. Um tal de Sr. Incêndio estragou-lhe a face, embora lhe reconheça traços de beleza passada e beleza futura. A plástica vai demorar tempo, esperemos com paciência. A primeira paragem foi na aldeia, lá um senhora de idade teve o seu momento de confraternização. Falou dos seus problemas e das lides da aldeia. É bom para eles desabafarem e terem um pouco de companhia e é bom para nós, que absorvemos parte da sabedoria de uma vida.


Paisagem deslumbrante a perder de vista [carlos]

Já no cimo do monte, a paisagem que até aqui surpreendeu pela negativa, mostrou-se agora esplendorosa. Como quem prova o salgado aprecia mais o doce, apreciei mais. Muito mais.


Vista magnífica sobre a Aldeia de Mazes [carlos]

A caminhada continuou nas alturas, a paisagem oferecia-nos agora no palco principal a Aldeia de Mazes e as suas encostas com socalcos. Divinal. Este tipo de cenário, faz-me sempre recordar quando ia com o meu pai e irmão visitar à famosa cascata de S. João, na Fontainhas no Porto.


O Penedo onde o Pinheiro plantou o seu casaco da colecção Miguel Videira [carlos]

Pelo caminho, ainda houve tempo para plantar um casaco. A proeza foi realizada pelo Pinheiro! Na ânsia de chegar mais alto para apreciar tão deliciosa paisagem, um casaco caiu e a caminhada continuou. O casaco, esse... lá ficou.


Descida para a ponte, antes da subida para ver se a "Casaqueira" tinha dado... casacos! [carlos]

Quase a chegar à ponte, já no fim da descida e depois de uma pinha bater fortemente na cabeça. "O meu casaco?! Perdi o meu casaco. Quem me ajuda?". Olhamos para o cimo do monte e esse estava tão longe... tão longe... tão longe...


Ponte de paragem antes da outra margem [leonel]

Lema do grupo, não deixar ninguém para trás, mesmo que seja um casaco da colecção Miguel Videira. Famoso pelo seu vinho! Alguns voltaram para trás outros desesperaram à frente e por momentos se lembraram das longas esperas, nas longas fila de trânsito. A pereira dá pêras, a macieira dá maças, a laranjeira dá laranjas, mas a "casaqueira" não deu casacos. Graças a Deus!


Fotógrafo expõe-se a risco elevado para imortalizar o grupo [dores]

Convém referir, que em todas as caminhadas do grupo, imortalizamos o grupo numa (bonita) foto. Nunca antes se tinha imortalizado os bastidores até este dia. Quero aqui expressar a minha mais profunda admiração pelo risco que os repórteres fotográficos correm, nas posições a que se sujeitam. A foto foi tirada pelo Dores e não com dores.


Pinheiro, Sérgio, Ricardo, André, Dores, Leonel, Carlos, Catarina, José, Maria João, Anabela, Peter, Júlio, Nela, Agostinha, Carla, Margarida, Catarina, Sandra, Marta, Sónia, Maria José, Rocha, Jorge e Cristina(falta na foto) [jorge]

Depois de um lanche rápido, subimos em direcção à Aldeia da Anta. A entrada da aldeia é de prender a respiração. Por entre as rochas e depois por cima de uma ponte atravessamos um ribeiro e finalmente entramos subindo um monte. A aldeia está a ser recuperada e algumas coisas que se vêm não são bonitas (telhados em chapa), mas pelos vistos são necessárias antes da completa recuperação. Se for totalmente recuperada, quero voltar e passar lá uns dias.


Aldeia da Anta [carlos]

O almoço correu bem, lá comi o meu pão com nada. Devo referir que não tive tempo de preparar as coisas para a caminhada e que a Margarida me ofereceu parte do recheio das suas sandes. Não aceitei para me penitenciar. O convívio durante toda a caminhada, e principalmente no almoço volante, é salutar e é uma das principais razões para eu não ficar em casa.


Alegre Cavaqueira provavelmente sobre as alegadas escutas do Sócrates [carlos]

A conversa entre os participantes foi acontecendo naturalmente e lá continuamos o caminho traçado.


As mil e uma quedas, mas apenas a primeira registada do Leonel Cai-cai [dores]

Já na descida para os Moinhos de Mazes, a foto que pode valer um prémio no famoso concurso World Press Photo 2010, na categoria de Foto do Ano. O Leonel que até aqui se tinha furtado às objectivas era finalmente apanhado em uma das mil e uma quedas que já teve. A foto foi tirada pelo Dores e não com dores.


Moinhos de Mazes [carlos]


O guia Lêmingue parou para que os outros o possam seguir, nem que seja por um penhasco abaixo! [carlos]


A nossa viagem lá foi continuando. Encontramos pelo caminho pó, cabras e um burro. Continuamos satisfeitos.


Descida sempre a comer pó até Lazarim [carlos]

No final do percurso, na chegada a Lazarim, poucos foram os que se aventuraram a gelar tão delicados pés. As meninas como sempre são as mais corajosas e avançaram. Os homens não quiseram poluir.


Arrefecimento dos pneus nas águas anteriormente frias e limpas da ribeira [leonel]

Antes da viagem de volta, foram ovacionados os 6 novos membros do grupo. Convém referir que a palavra "Ovacionados" não deriva de ovos! Obrigado por fazerem parte da nossa vida. O Peter, num português quase prefeito, ainda disse que lhe faltava o casaco. Quase ia ser perfeitamente afogado no rio.

As caminhadas organizadas pelo grupo, não têm qualquer custo. Apenas exigimos boa disposição. Está convidado.

Boa(s) Caminha(das)

Outras Informações:
  • Percurso: Máscaras de Lazarim (PR6) e Percurso Anta de Mazes (PR4)
  • Local: Lazarim (Lamego)
  • Partida/Chegada:Lazarim
  • Tipo: Circular
  • Distância: 14.4 km
  • Grau: Fácil/Moderado
  • Data: 2010.04.11
  • Inicio: 10:30
  • Participantes: Carlos, Catarina Carvalho, Sérgio, Margarida, Dores, Carla, Leonel, Jorge (Kalima), André, Maria João, Catarina, Agostinha, Rocha, Marta, Sónia, Anabela, Cristina, Peter, José, Pinheiro, Maria Peixoto, Júlio, Ricardo, Manuela, Sandra (50 solas)
  • Almoço: Volante
  • Dicas: Água, Bastão (recomendado), Roupas adequadas às condições atmosféricas, botas, muda de roupa, protector solar
  • Mapa: PR6 - Mascaras de Lazarim e PR4 - Percurso Anta de Mazes
  • Outras Informações: Anta de Mazes
  • Organização: Solas Rotas
Mapa 1 / Mapa 2KMLAltimetria

Comentários

  1. Caminhadas é que! saúde. Infelizmente aqui em Faro nao tenho conhecimento de nada disso então la me contento com o ginasio. mas pronto. saude!

    Beijinhos

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  2. Pode sempre consultar http://algarvedir.com/CMS/downloads/ebooks/guiaspedestres-pt.pdf (10MB) ou procurar no google.

    Mas se um dia vier ao norte... teremos todo o gosto que nos acompanhe. Principalmente, se for organizada por nós.

    Beijinhos

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