XXII Caminhada: Escarpas da Mizarela à Lupa

Mais uma vez o grupo Solas Rotas deu à sola, a caminho da Serra da Freita, desta vez para calcorrear o PR7, considerado um dos mais bonitos e mais difíceis desta Serra- o percurso das Escarpas da Mizarela.

Pelas 9 h lá se juntaram em frente ao Parque de Campismo do Merujal, 66 solas ainda ensonadas.


Começamos aí então a nossa caminhada, já mais animados com a agitação que reinava em volta do parque de campismo, onde estava sediada a base de uma das muitas iniciativas desportivas deste Parque natural: Corrida de montanha. Mais tarde no percurso, iríamos perceber melhor o que é que isso significava ao certo…

Primeiro uma suave subida e depois uma suave descida de aquecimento até chegarmos ao Miradouro, onde conseguimos pela primeira vez avistar a Frecha da Mizarela, ao redor da qual é traçado este percurso. Com cerca de 75 metros de altura, a uma altitude de 900 metros, é uma das mais altas cascatas da Europa. Alimentada pelas águas do rio Caima e traçada no meio do granito, imponente, aliciou-nos a continuar.


Antes disso, aproveitámos o Miradouro para logo tirar a fotografia da praxe.



Daí começou a descida, primeiro por estrada e depois mais abrupta, por um trilho no meio da vegetação, lado a lado com a cascata que nos acompanhava sempre à nossa esquerda. Saltitantes, só faltavam as lianas para nos sentirmos Tarzans ou Janes.


Primeiro a descer e depois a subir até nos depararmos com uma imagem de filme, a Frecha, ela própria com as suas piscinas naturais.


Quem pensava que as dificuldades iam ficar por aí, estava enganado, porque este percurso não deu tréguas do princípio ao fim. Para quem gosta destas andanças, este é dos percursos mais bonitos e divertidos.

Como a seguir uma subida, vinha sempre uma descida, lá fomos nós, esta ainda mais abrupta e agreste, com destino à Aldeia da Ribeira. Com uma breve paragem junto à estrada que dava acesso à aldeia, para retemperar as forças com uma sandocha e uns goles de águas (e bem haja que o tempo estava encoberto!) e lá continuámos. Alguns aos tropeções, com maior ou menor dificuldade seguimos encosta abaixo, com o gorgolejar do rio a prometer um momento refrescante quando chegássemos ao ponto seguinte do nosso percurso: a Aldeia da Ribeira. Esta aldeia remota tem apenas dois moradores, resistentes ao êxodo para as cidades e para o estrangeiro. Meia dúzia de casas, a maioria desabitadas semeavam o verde dos socalcos com a cinza do granito.

Chegámos por fim a ponte e à ribeira. Condicionados com as indicações da ponte lá passámos no máximo dois de cada vez, não fosse esta desafiar as leis da gravidade.



Foi depois de passarmos para o outro lado( salvo seja!) que começámos a perceber o verdadeiro significado de corrida de montanha! Estávamos nós a preparar as solas para outra prova de quase escalada quando vimos o primeiro dos participantes desta modalidade desportiva.


Com o risco de atropelamento iminente, porque a descer os travões não funcionam, “ encosta “ passou a ser palavra de ordem. Assim o caminho que nos esperava tornou-se uma gincana, de perícia para conseguirmos evitar confronto directo com os concorrentes que derrapavam encosta abaixo. Não deixou de ser divertido.

Depois desta pequena aventura e de conseguirmos prosseguir, começámos a avistar a cascata da Ribeira da Castanheira. Com alguns troços mais radicais...


... em que caminhávamos sobre as pedras agarrados a correntes de ferro fixas à rocha como corrimões, de um salto, surgiu mais uma ponte e uma cascata!


Depois da cascata, mais uma subida.

Esta serra é um poço de surpresas, e não seria expectável que no meio de granito e vegetação, numa palete de cinza e verde nos surgisse uma mancha branca como neve, sólida rocha de quartzo.



Ao lado deste presente mais uma pausa para enganar a fome com umas bolachas e ala, a caminho de Albergaria da Serra onde iríamos parar para almoçar. Não sem antes passarmos novamente por zonas mais radicais, em especial para quem sofre de vertigens, com mais descidas difíceis, com miradouros naturais sobranceiros às encostas que envolvem a Frecha.


Já cheios de fome chegámos por fim, a Albergaria da serra. Depois de um repasto apressado no parque de merendas, para fugir ao frio que fazia, decidimos, ao invés de ir pela estrada descer até às margens do Rio Caima e seguir junto à água.


Ao chegarmos à ponte, porque a descrição já vai longa, decidimos inflectir pela parte final do PR 15 de regresso ao parque de Campismo do Merujal.


Já com um cheirinho a saudade terminámos por agora o nosso programa de caminhadas, ansiosos de em breve ( Setembro) continuarmos a calcar trilhos por aí!


Mais Informação:
  • Percurso: Escarpas da Mizarela
  • Local: Merujal
  • Partida/Chegada: Parque de Campismo do Merujal
  • Tipo: Circular
  • Distância: 8km
  • Grau: Dificil
  • Data: 2011.07.03
  • Inicio: 09:00
  • Participantes SR: Sérgio, Kalima, Alexandra, Sérgio Silva, Nuno, Dores, Carla, Carlos, Marta, Luís, Leonel, Cláudio, Cláudia, Rocha, Zé, Sofia (32 solas)
  • Participantes: Mário Rocha, Joana Rocha, Manuel Silva, José Martins, Daniela Tavares, Cátia Moreira, Claudia Carvalho, Sónia Tavares, Carlos Curvas, Ricardo Oliveira, Diogo Marques, Catarina Maia, Vitor, Mikhaela, Susana Costa, Robin, Nádege, Celeste Viana (34 solas)
  • Almoço: Volante
  • Dicas: Água, roupas adequadas às condições atmosféricas, protector solar, chapéu.
  • Mapa: Aqui
  • Organização: Solas Rotas
  • Outras informações: Câmara Municipal de Arouca
MapaKMLGráfico de Altitudes

Comentários

  1. Alexandra,

    Gostei bastante da tua crónica. Parabéns.

    O pessoal gosta mesmo é de caminhar! Mesmo que leia, o que já é bom, mesmo que goste imenso da crónica, continua a não o exprimir num comentário.

    Definitivamente, as canetas para escrever comentários não são as mesmas que utilizam para caminhar. Se fossem, tinhas pelo menos 12000 comentários, um por cada metro percorrido.

    Encontra o teu estilo, e mesmo que seja tipo Lusíadas, em tamanho, não hesites e segue o teu instinto.

    Espero que continues a escrever regularmente. Convido também os outros membros a seguir o teu caminho. Não fiquem à espera que o peçam! Vamos passar o blogue para o nível seguinte.

    Boa(s) Caminha(das)

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  2. Boas,

    é sempre bom ver que as caminhadas continuam, com mais participantes e com narrações de elevada qualidade :)

    E é sempre bom reparar que os membros mais antigos tentam acompanhar os caminheiros mais jovens. Por exemplo, logo na primeira foto o Carlos (T-shirt vermelha) com a sua nova "mosca" para renovar o seu estilo :)

    Abraços a todos e continuação de boas caminhadas.

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