Extra: Trilho Cabeço Meio Dia & Chã Franqueira à Lupa

(fotos para breve)

Cada caminhada com os Solas Rotas é mais um sonho que se concretiza ....

A grande serra, a Serra D`Arga, estava pronta para nos receber e surpreender. É um museu ao ar livre com as suas portas abertas,  convidando todos a entrar. A sua grandeza, tanto como espaço natural como ainda como património cultural, asseguram uma visita recheada de surpresas. É um convite ao conhecimento e são bem-vindos todos os que queiram respeitá-la. Sempre ouvi dizer “quem dá vida, respeita-a”. É esse um dos propósitos dos pedestrantes “Dar vida, trazer mais vida”.

No ponto de partida, na Capela Santo Antão, Arga de Cima, a azáfama era grande: chegada dos carros com os cinquenta Solas, beijos e abraços, mochilas preparadas, discurso da praxe e Voz de comando para o início destes dois trilhos bem sinalizados: Trilho Cabeço do Meio Dia + Chã da Franqueira.

Nada de atrasos... “Era bom que fossemos sempre assim em tudo o que fazemos”. Ânimo, vontade de conhecer cada vez mais, colaborar, estar em harmonia e partilhá-la, num mesmo propósito”.

E assim aconteceu, neste dia 25 de Janeiro de 2015. Esplêndido dia, cheio de sol, céu azul e sem vento. Tudo estava lá, à espera, para nos encantar e surpreender.

Espaços amplos, áridos, vegetação rasteira queimada pelo frio. De onde em onde, grandes rochas, tão grandes que fazem serpentear os caminhos. Perfume a terra húmida e carqueija. Poucas árvores mas com muita sabedoria que a idade lhes dá, porque resistem às intempéries e sabem como fixar a pouca terra que ainda existe no sopé da serra.

Por todo o lado há ribeiros, de água tão transparente que parecem aquários bem iluminados. Brotam e escorrem, lado a lado, com os caminhos, tornando o nosso passeio cheio de vida e encanto. De vez em quando, pontes muito rudimentares e toscas, ligando as margens e unindo os habitantes locais.

Percorridos alguns Km. por caminhos bem conservados e ladeados por lajes faceadas, chegamos ao marco geodésico designado por Cabeço do meio dia, a cerca de 550 metros de altura.

Não há monotonia na paisagem. Veêm-se serras, por exemplo a do Gerês, no lado virado ao sol nascente, povoações da vizinha Espanha, desde o Norte até ao Sudoeste da Serra D`Arga. Também se avista o rio Minho delineando os dois países e o mar, confundindo-se com o céu no infinito.

Que belo quadro este, que serviu de pano de fundo a belas fotos individuais e à foto de grupo.

A descida foi mais rápida, só interrompida, pela indecisão quanto ao caminho. Optou-se, e bem, por um caminho um pouco mais curto, porque se assim não fosse, a surpresa ainda seria maior...

Visitamos variado património edificado como por exemplo, a Ponte Porto de Carro, a Ponte das Traves e, no lugar de Gandara, aproveitamos para carregar energias. Como não podia deixar de ser, ao lado de uma igreja e de um nada soalheiro e solitário cemitério.

Sem demora, porque tinhamos ainda a surpresa, depois do repasto e do café tomado no lugarejo; partimos para o 2º trilho: Chã da Franqueira.

Na senda do património natural, visitamos a famosa Queda de Água das Penas, entalhada no serrario. Lugar escondido, numa clareira bem exposta ao sol. Pudemos assistir à chegada de um espanhol que resolveu corajosamente trepar a escarpa. Os frenéticos fotógrafos aproveitaram para registar o momento que transborda de paz e sugere a meditação e o carinho. Também a Flora, a cadela que nos acompanhou no trilho, ficou extasiada e resolveu deitar-se sobre o dono, partilhando o momento de felicidade.

Já de regresso, por caminhos enlameados, passamos por casas entaladas na encosta, alfaias agrícolas, ramadas de videiras abandonadas no tempo e muitos animais de capoeira. Tivemos que esperar alguns momentos, com surpresa, que passasse um rebanho de ovelhas comandado por duas fileiras de patos. O líder, o pastor, vinha disfarçado no meio dos seus animais. Grande lição de liderança e de gestão.

Surpresas e mais surpresas mas a expectativa dos Solas Rotas continuava em grande. A última prende-se com o intitulado, Pontão do Lobo. Descemos a pequena elevação para o encontar. Infelizmente, restavam apenas rochas demoronadas no leito do ribeiro mas é possível sabermos como era pelas fotos: As lajes de xisto eram apertadas verticalmente umas contra as outras, dando-lhe estabilidade. Segundo a lenda, servia para o Sr. abade passar para a outra banda do curso de água, que agora, e em Janeiro, pouco maior é que um regato.

Já na Capela Santo Antão e com cerca de 10 Km em cada perna, alguém renomeou esta caminhada “caminhada Kinder” pela sua diversidade de surpresas. Estava desvendada mais uma surpresa: Foram feitos mais 7 Km. do que o previsto. Ainda bem, valeu a pena, estamos todos de parabéns.

Para alguns caminheiros o dia na serra terminou com a visita a outro monumento, neste caso, gastronómico: O Café Caçana. Degustamos  petiscos locais e o champarrião tão típico na região.

Fico com estas memórias gravadas. Acredito que vão perdurar, e, para além de todas as boas surpresas, a camaradagem e o espírito positivo como enfrentamos os desafios que se nos depararam.

Obrigado a todos os Solas Rotas.

Venha mais uma ....

Adelino Ramos

Comentários

  1. Obrigado Adelino pela tua discrição da caminhada...
    desta forma fizeste-nos "viagar" novamente por ela.. :)!!

    Grande abraço amigo caminheiro.

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