12ª Grande Rota: Trilho dos Pescadores à Lupa


4 dias, 75km, a mochila, a tenda, as falésias e o mar… à descoberta da Costa Vicentina, pelo Trilho dos Pescadores.

De Ermesinde a Porto Covo é um saltinho, houve até quem não visse a ponte do freixo. Questões de segurança… é melhor dormir…

Dia I – Porto Covo – Vila Nova de Mil fontes 

Chegados a Porto Covo, antes da partida havia que garantir o jantar. Chouriças, check; Assador e álcool, check; Queijo, check;… foi só esperar que cozessem o pão. Tudo a postos, pés ao caminho rumo a Vila nova de Milfontes.

Areia e mais areia, 20km quase sempre em areia. Uma etapa bem existente com destaque às passagens pelos areais das praias da Ilha do Pessegueiro, Aivados e Malhão. Praias lindíssimas, enseadas magníficas. A Beleza da paisagem e a tranquilidade do percurso compensa a exigência física de caminhar, com mochila pesada, na areia. O que vale é que a areia era só na primeira etapa… ou não…

Chegados a Vila Nova de Milfontes, paragem no primeiro café. O jovem, orgulhoso por ver portugueses a percorrem este trilho, até ligou a música. Queria encaminhar-nos para um hostel mas preferimos as dunas, e foram apenas mais uns km de areia à procura do melhor sítio para pernoitar. E “bibá” tenda das meninas – Lady que é lady tem tenda nova e com ar condicionado. E a colchonete XPTO do Gabilas? Era maior que a tenda!!! Banho tomado no SPA de seixos com água salgada, fomos preparar a janta. O assador já fumegava, o Victor assumiu os comandos, e a mesa estava posta (havia que dar utilidade ao poncho). Retemperados, fomos explorar a vila. Um prazer conhecer a Ana. A “praga” não lhe pegou mas a caipirinha estava óptima. Só o copo do Sérgio é que estava furado. Ela esqueceu-se de cobrar ao grande chefe mas ele fez questão de pagar e ganhamos um o shot. E que shot!, nunca havíamos provado igual… shot BMaçã, o melhor que a Ana te dá!!!

De regresso às tendas, pequena tertúlia e observação da ursa maior, recolha e início do concerto. A moto4 do Fernando, o tanque de guerra do Gabilas, o Mário a bufar e o batuque do Victor a preparar a colchonete de areia… Afinadinhos, em stereo, no stop até de manhã.

Dia II – Vila Nova de Mil fontes – Almograve

Ainda ao som da roncomusic, a Cristina acordou. Perdeu a saia… afinal não, não sabia era da Sara!... Casas arrumadas, seguimos caminho, rumo a Almograve. Esperavam-nos 16km, mais fáceis por terem menos areia que na etapa anterior. E tinha… menos 5km de distância!...

A despedida de Milfontes merecia uma foto de grupo em condições, junto ao rio Mira. A atleta que por ali passava fez o obséquio e clicou da esquerda para a direita, da direita para a esquerda, agachada e esticada, várias para escolhermos a melhor. Oh!, o rolo devia estar encravado, não ficou nenhuma, não passaram de uma Miragem… Atravessamos a Vila, e depois de uns km de alcatrão, logo após a travessia da ponte sobre o rio e já com saudades da areia, entramos novamente em trilho de pé posto. Eis que somos abordados por uns jovens à procura de uma cascata. O Gabilas não sabia onde era mas parlava perfeitamente Italiano. Milan ou Milano vai dar tudo ao mesmo, eles foram à procura da cascata, nós à procura da sombra para almoçar. E foi ali mesmo, no trilho. A petiscar e a ver caminheiros passar. Foi um dia de descobertas: o Sudoeste passou para Maio e o Zé Cabra já morreu!?!?… Areia e mais Areia, a 4km da meta um recanto alcatifado de verde convidava a uma sesta. Pequena pausa pois o mergulho já chamava, seguimos até à pousada. E que recepção, qual Canta Baía, os jovens entoavam “sempre que bilha o sol na praia do Meco…”. Já na praia, veio a onda, o Sérgio enrola e sai Ulisses mar fora, à conquista da praia. Mas logo voltou ao mar… muita areia… e não estava de botas! A sede já apertava, hora do petisco. No Lavrador, havia mesa e cerveja de pressão mas faltava vontade de atender aos funcionários. Ala que se faz tarde, fomos a outro… não havia cerveja de pressão mas havia preta fora de validade; não havia tremoços mas foram comprar. Dados os acontecimentos, jogamos e pelo seguro e reservamos jantar na churrasqueira da Isa. Chegados, o que demorava mais era o frango!?!?! Mais arroz não há, mas vem carne para compensar. Nós queríamos mais mas a Isa disse que era mais olhos que barriga e não serviu. A Isa é que manda, comida não tinha, já a conta foi bem gordinha… Tudo a correr 5 estrelas, faltava a caipirinha da noite. 9 caipirinhas??? Só temos uma!.. Venha ela para o chefe e 9 shots de medronho. E assim regressamos quentinhos à pousada. O ronco room revelou-se uma caixa de surpresa – nova gama de lingerie masculina, hóstia design! No quarto dos não ronco o estendal estava perfeito e provavelmente houve quem não dormisse para manter a reputação…

Dia III – Almograve – Zambujeira do mar

Alerta que há uma bolha! Rebenta a bolha do Mário! Vai doer? Olha que não é esse dedo… estás a tremer… ai… ui …. - Calma que ainda não furei, ou furei… já está!...

Pequeno-almoço tomado, fotografia de grupo e iniciamos a etapa do dia, 22km rumo a zambujeira do mar.

Por entre caminhos de areia e mais areia, a Sara decidiu caminhar descalça, qual peregrina de Nossa Sra. do Mar. E que bem se aguentou. De falésia em falésia, por caminhos de areia e areia, entramos num pequeno pinhal que permitiu tirar a areia das botas por alguns metros. O Fernando encontrou um banquinho mesmo à medida. Pena que não reparou que já estava ocupado por um formigueiro… Seguimos caminho a pensar na próxima aldeia que teria uma caneca fresquinha. Não havia cerveja de pressão, teve de ser um bitoque! Durante a tarde o percurso alternava ora mais pela orla marítima ora mais pelo interior mas a areia lá continuava, sempre fiel, ao longo de todo o percurso. Nesta etapa destaca-se a passagem pelo cabo do Sardão, os imensos ninhos de cegonhas e a beleza do portinho de pesca da Entrada da Barca. A descida até lá será um tanto perigosa em dias de chuva, mas existem cordas presas para facilitar a descida. Já a subida é ingreme e por estrada de alcatrão. Lá no cimo uma paragem para a mini e observar o peixe com três cabeças na vitrina. E que peixe!… Visita às alminhas de nossa senhora do mar com umas vistas fantásticas sobre o porto de pesca e lá seguimos caminho. A 1500 metros da meta, por uma via pedonal paralela à estrada, fizemos pausa para visitar mais uma prainha e reflectir no local para a pernoita. Inspirados nos canta baía de Almograve, decidimos fazer um Hino SR! A letra logo se vê, a melodia também… fica o Sérgio nos ferrinhos e o Gabilas com os testos! Faltavam os testos! Gabilas, triste por não ter os testos, até o telheiro abanou com o seu pontapé de escravelho. E o Gabriel com os testos, Tcheummmm!....

Chegados ao final da etapa, junto da igreja de Nossa Senhora do Mar, decidimos pernoitar no parque de campismo. Contactado o parque, não só fizeram desconto como disponibilizaram um transfere. Abrir a mala da carrinha? Não tem bancos, sra.. Abreíu-se a porta e… hummm… que cheirinho a peixe! Pena que não havia nenhum para garantir o jantar. Alguém foi à frente, não fossemos parar a Marrocos, e a malta lá trás divertia-se com o cheirinho a peixe, e o gabriel com os testos, Tchuemmmm!... “Não era suposto ficar no parque, agora não tenho gel de banho!” – Coisas de meninas minimalistas. “Àgua fria? Não pode”. “Oh gabilas, quantas torneiras tens? E tu? Eu tenho 3” – dilemas masculinos na hora do banho…

Hora de Jantar – chouriça, parte II – para a maioria. O Ricardo decidiu preparar uma sopa de cogumelos e massa bolonhesa. O víctor virava a chouriça e o Ricardo aquecia a água. Nós partíamos a chouriça e o ratatui tratava da sopa. A chouriça já era e a mexidela continuava. Mais uma chouriça, mais uma voltinha na sopa e na massa… Eis que o banquete estava pronto. Habemus chef! Devagar se vai ao longe, e é bem certo, parecia estar delicioso.

Não havia caipirinha mas havia beirão e tertúlia no bar do parque. Reflexão do dia, ensaio do hino que não avançou além da parte do Gabriel, com os testos… Tcheummmm!...

Dia III –Zambujeira do mar – Odeceixe

Alvorada com rebenta a bolha do Mário! Arrumo das tendas com a nostalgia do último dia de aventura. Esperavam-nos 18 km rumo a Odeceixe. Uma etapa mais diversificada, com alguns desníveis e trilhos um pouco mais diversificados, entre praias, falésias e pequenos pinhais.

A carrinha devia estar cheia de peixinho, tivemos de retomar o trilho a pé. Descida à praia de zambujeira do mar e subida pela falésia até à praia de Alteirinhos. De falésia em falésia, de praia em praia, lá fomos seguindo caminho. Impressionantes, as formações rochosas das falésias, a lembrar camadas de massa folhada e os tubos no chão, resultado de massificação da areia ao longo dos anos. Depois da praia da Amália, assim chamada porque a Amália Rodrigues tinha ali o seu refúgio de praia, chegamos à aldeia da Azenha do Mar, onde paramos para o petisco no palhinhas. Não havia cerveja de pressão mas estava tudo dentro do prazo de validade. Gostamos! Cada vez mais próximos do fim da aventura, seguimos caminho por entre vegetação dunar e vistas lindíssimas sobre o mar até à Ponta em Branco. Dali, uma vista soberba para a praia de Odeceixe, onde o rio se encontra com o mar e onde o Alentejo se encontra com o Algarve. Após a descida à praia, seguimos caminho durante 4km por estrada de asfalto. Um final nada aprazível para um trilho com paisagens fabulosas ao longo de 75km. Chegados ao centro de Odeceixe, o transfere esperava por nós para o regresso a Porto Covo.


Fim de aventura! Um trilho fabuloso, muito bem sinalizado e exigente por ser quase sempre em areia. De lamentar que os painéis informativos estavam praticamente todos apagados.

Obrigada, companheiros de aventura: Ulisses (Sérgio), Assador (Victor), Ratatui (Ricardo) Moto4 (Fernando), peregrina descalça (Sara), homem dos testos (Gabriel), Rebenta a bolha (Mário) e o ponto de equilíbrio (Manuel) por estes dias tão bem passados. Porque a amizade e o companheirismo são as paisagens mais belas da grande rota da vida…

Tcheummmm!

Cristina, SR74



MAPATRILHOELEVAÇÃO
http://www.walkingportugal.com/z_distritos_portugal/Braga/Fafe/FAF_pr10_trilho_do_vento_folheto.pdf
PARTICIPANTES CONFIRMADOS FINAL (25 ABR 17H)
Sérgio, Victor, Mário, Cristina, Manuel, Fernando, Gabriel, Sara, Ricardo
( 18 / 30 )
PARTIDALOCALGPSKMGRAUMAPA
2017.04.22/25
10:00
Porto Covo

N 37º 51' 06.8''  W 8º 47' 27.5''
37.851890  -8.790967 

 75DifícilLink
MAIS INFORMAÇÕES
Percurso: Trilho dos Pescadores
Local: Costa Vicentina
Partida/Chegada: Porto Covo - Odeceixe
Estacionamento: Sim
Rede Telemóvel: Sim (com falhas)
Âmbito: Paisagístico, Ambiental
Tipo: Linear
Sinalização: Sim
Pontos Água: Aldeias
Exposição Vento/Solar: Alta
Almoço: Volante
Regras: Ler Aqui
Sugerido: Solas Rotas
Ponto Encontro: Porto Covo
Pontos de Interesse: Porto Covo, Vila Nova de Mil Fontes, Almograve, Cabo Sardão,  Porto das Barcas, Zambujeira do Mar, Odeceixe
Dicas: Água, Roupa adequada às condições atmosféricas; Botas; Bastão,
Reconhecimento: Sem reconhecimento
Outras informações: Rota Vicentina, Camping MilFontes, Pousada Juventude Almograve, Camping Zambujeira
Nota: 80% do trilho é areia.

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