147ª Caminhada: Trilho Picos do Marão a Foto de Grupo

35ª Caminhada: Trilho das Brandas à Lupa

Nesse dia,  14 de Outubro de 2012, trauteei a música do "Bom Dia", mas o Diogo ainda dormia. Se não eram seis da manhã andou lá perto. O galo esse deixou de ser gordo há muito tempo, vive agora do RSI. O sol nem o vi... chuva a rodos. Apenas acordei, tomei leite como eu gosto e pão com manteiguinha.

Acordei, para mais uma caminhada organizada pelo grupo Solas Rotas, fomos até à Serra do Soajo, para realizarmos um upgrade do Trilho das Brandas. Isto é, o trilho é linear, vai até ao Fojo do Lobo e depois devemos voltar pelo mesmo caminho, mas nós continuamos circundando o vale e assim tornamos o trilho circular. Valeu a pena! Trata-se de um trilho em montanha, muito interessante, e de uma beleza paisagística fenomenal, acompanhados pelas montanhas da Peneda, no qual nos pontos de interesses se destacam: as Brandas, da Gorbelas e da Seida; Fojo do Lobo; os "Pinguins"; um dos pontos mais altos do Alto Minho, o Alto da Pedrada (Outeiro Maior); a Cruz (derrubada); com vista sobre o miradouro de Tibo; a Branda da "Desconhecida" e o prado.

O ponto de encontro foi no Café Central de Rouças, onde o dono, já nosso conhecido, é de uma simpatia tremenda e muito prestável a dar informações sobre o trilho e a zona. Foi bom rever algumas das caras amigas, que apareceram para mais uma caminhada, estes reencontros tem sempre uma sabor especial para mim. Foi bom ver caras novas, sempre sorridentes e bem dispostas. Estava na hora de partir, se tivermos virados para a entrada do café, o inicio do percurso é numas escadas do lado direito do mesmo. Infelizmente a placa de inicio do percurso já não mora em Rouças.

Começamos a subir, para não custar tanto deixamos o Pedro para trás. Teve medo que o guarda-chuva não aguentasse. Por falar em guarda-chuvas! Já reparam que provocam interferências nas fotografias? Ficam com ruído. Guarda-chuva mau fica em casa.



A medida que subíamos  ficava para trás a aldeia de Rouças, perdida na vegetação e incrustada nas montanhas circundantes. Nós serpenteávamos pelo caminho em direcção à primeira da Brandas, a Branda da Gorbelas. As brandas são normalmente segundas habitações a maior altitude, perto dos locais de pastagem, fortemente sazonal. Com tempo quente as populações levavam o gado para a montanha, pernoitando na branda. Com tempo frio, as populações e o gado voltavam para as aldeias. O único ponto de abastecimento de água fica nesta branda.



Foi ao sair da Branda da Gorbelas, que um dos seus habitantes, provavelmente um pastor, nos indagou. "Vão subir à montanha?".  Ao ver a nossa convicção em continuar, frisou: "Atenção que com este tempo as condições da montanha, alteram-se bruscamente! Pode ser perigoso, principalmente com nevoeiro". Ouvimos as sábias palavras, mas estávamos preparados para continuar, estava tudo minimamente controlado: sabíamos do perigo que é caminhar em montanha com aquele tempo, tínhamos feito o reconhecimento prévio, conhecíamos bem o caminho, tínhamos informação de melhoria do tempo da parte da tarde, levávamos mantas térmicas, o vento não era exagerado... e a paisagem era deslumbrante. Fomos enfeitiçados.



Na subida uma paragem rápida para a fotografia da praxe, a foto de grupo. Apenas não apareço porque a fotografia foi tirada com fotógrafo não incluído, isto porque, não soube utilizar o tripé e as vacas, essas da raça barrosã, ainda não sabem tiram fotografias. Além disso, era um crime tapar o que se visualiza da paisagem de fundo.  É que ao contrario do galo eu (ainda) não vivo do RSI.



Ainda ouvíamos o eco da Branda da Gorbelas a nos dizer "Até já, voltem sempre!", e a Branda da Seida, já nos recebia com "Sejam bem-vindo". Esta branda parece ter sido utilizada no passado para guardar o gado, para o proteger durante a noite dos ataques dos lobos. Os pastores esses deviam pernoitar na branda mais a baixo. Almoçamos neste local, com direito no final a um café que o Sérgio, nosso farol, amavelmente nos ofereceu.



A placa de identificação da branda ia ficando para trás, rapidamente me apercebi que a branda mais merecia começar por "P", pois as "minas" eram tantas que a zona foi por nós denominada de "campo minado". Ia com certeza haver vitimas, não valia de nada o jogo de cintura. Fui a direito.



Com uma paisagem de cortar a respiração, viramos à esquerda na placa informativa que está logo ao sair da branda. É necessário ter algum cuidado para não seguir as marcas erradas, porque existe outro caminho em frente.

Ao subir fomos em direção aos dois mariolas "pinguins". Pareciam zangados, de costas voltadas entre eles. As marcas guiavam-nos para baixo para uma abertura no muro do Fojo. Atravessamos para dentro do mesmo, e podemos sentir a grandiosidade da estrutura utilizada no passado para encurralar e matar (infelizmente) os lobos.  Segundo a Infópedia, um fojo é uma cova funda com a abertura disfarçada, para apanhar animais ferozes, neste caso estávamos perante um Fojo dos Lobos.



Depois da visita terminar, segundo indicação no mapa do percurso, devíamos regressar pelo mesmo caminho - é um percurso linear. Nós continuamos em direção ao Alto da Pedrada, para isso tivemos que cortar por dentro do muro do Fojo, passando para o lado de fora do mesmo.



Ao longe os "pinguins" parecem já ter feito as pazes, já não os consigo distinguir na paisagem, deitaram-se?! Seguimos em paralelo ao muro até este acabar, depois seguimos em direção ao Alto da Pedrada, que não é o local onde se planta canabis, mas sim a elevação mais alta do Alto Minho, com os seus 1416 metros de altitude. Os locais chamam-lhe de Outeiro Maior, o seu nome deriva da definição de outeiro, que era o nome que davam a uma elevação de terreno, e deste ser o mais alto (maior) das redondezas. Passamos mesmo ao lado dele, não chegamos a ir ao seu topo, onde se vêem umas antenas de radio. Viramos à esquerda, para contornar o vale.



Ao caminhar em direção à Cruz, as condições do tempo deterioram-se, agora os caminhantes apareciam e desapareciam ao sabor do nevoeiro. Ficamos batizados dos caminhantes pisca-pisca!

Chegamos à Cruz, mandada construir por um imigrante da terra, teve pouco tempo em pé. Será que a causa da tal queda foi do vento? A julgar pela fotografia abaixo, acho bem provável! A paisagem aqui é deslumbrante, com vista acima do Miradouro de Tibo, mas espera...não estava um nevoeiro cerrado? Estava, mas é que eu fiz o reconhecimento prévio do local da caminhada... podem acreditar em mim.



Ficamos pouco tempo no local, o vento era intenso, e nós com algum receio à mistura abandonamos rapidamente o local.  O caminho para baixo, faz-se sobre um monte de pedras soltas, é desconfortável mas a vista compensa. Passados dez minutos o miradouro na Cruz, que víamos lá em cima, estava sem nevoeiro. Lembrem-se que as condições em montanha alteram-se rapidamente, para pior ou para melhor. Acreditaram em mim, e não voltamos para ver a paisagem.



Continuamos e chegamos a uma nova branda, cujo nome desconheço. Fizemos nova pausa para comer e beber algo. A vista sobre o vale continua maravilhosa, a incidência e as diferentes intensidades da luz natural, vão alterando a perceção que temos sobre a paisagem. É uma paisagem apaixonante.



Se continuarmos sempre pelo caminho, vamos ter à estrada perto do miradouro de Tibo e depois temos que continuar para a esquerda pela estrada de alcatrão, e como não queremos ir por ai, é essencial virar à direita numa bifurcação que nos leva a outro miradouro, Chegados ao miradouro, avistamos ao longe a aldeia da Peneda, em frente a Serra da Peneda apresenta-se perante nós de uma forma altiva. Ao nosso lado direito, vemos a vacaria, logo antes da curva que antecede o miradouro de Tibo.

Fomos em direção ao prado, neste paramos para os guias decidirem qual o melhor caminho para descer. No reconhecimento fomos em frente e a descida, embora ultrapassável, era brutal. Resolvemos aceitar a sugestão do senhor do café e virar à direita. Ainda estávamos a informar o grupo da nossa decisão, indicando que íamos entrar em modo aventura, quando para nosso espanto as vacas que andavam a pastar começaram a ir embora, em direção à aldeia de Rouças. Conclusão siga a vaca!



O caminho para baixo, é sempre efetuado o mais à esquerda possível em segurança, e com o vale sempre à vista. Os joelhos vão se ressentir, mas a mente essa vai rejuvenescer. Na descida ainda houve tempo para aprender algo mais sobre o tormentelo, aqui fica o verso que o pai de Manuel lhe ensinou à muitos, muitos anos. Ele teve a gentileza de o partilhar comigo e eu acho que merece ser partilhado convosco.

Menina que tão bem cheiras
Com que lavas o teu cabelo?
Com uma ervinha do monte 
Chamada de Tormentelo.

Quando chegamos novamente ao café, estava o Pedro à nossa espera, tinha efetuado uma caminhada pela zona e também se tinha divertido. Ainda bem.

Uma das melhores caminhadas onde participei, obrigados a todos por me proporcionar esta experiência.

Boa(s) Caminha(das).

Fotos: 6 do Eugénio, 1 do Manuel e 6 do José Carlos (2 do reconhecimento)

MAPA TRILHO ELEVAÇÃO
PARTIDA LOCAL GPS KM GRAU MAPA
2012.10.14
09:30
Café Central
Rouças
N 41°56'48.63''
W 08º15'03.84''
12 Difícil Link
MAIS INFORMAÇÕES
Percurso: Trilho das Brandas
Local: Serra do Soajo
Partida/Chegada:Rouças
Âmbito:Montanha
Tipo: Circular
Sinalização:Boa
Pontos Água:1
Exposição Solar: Alta
RegrasLer aqui
Organização: Solas Rotas
Pontos de Interesse: Aldeia de Rouças, Brandas, Fojo do lobo, Outeiro Maior
Participantes SR: Sérgio,Carlos, Jorge, Gabriel, Marta, Luís, Maria José Santos, Ricardo, Rocha, Manuel Silva, Manuel Machado
Participantes: Liliana, Eduardo Barata, Rosinha Carvalho, António Santos, Manuel Ferreira, Deolinda Ferreira, Eugénio Rodrigues, Ângela Costa
Dicas: Bastante Água, Roupa adequada às condições atmosféricas, Protector Solar (recomendado), Chapéu, Bastão
Reconhecimento: Ver aqui
Outras informações:  Câmara Municipal de Arcos ValdevezAdere
Mais Trilhos: -

Comentários

  1. O troço do Fojo ao alto da Pedrada é fácil, ou é possível perder-se nesse caminho?

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