quarta-feira, 21 de março de 2012

3ª Grande Rota: Tua - Mirandela

"ANTES QUE A LINHA SE AFOGUE"

 “ Tua – Mirandela, antes que a linha se afogue” era o lema das T- shirts que envergámos logo no primeiro dia desta nossa missão. 

 E com intuito de percorrer a linha de comboio a pé, a aventura começou mesmo ali na Estação de Ermesinde, onde conseguimos perder…exacto…o mesmo…o comboio!

Estação de Ermesinde

 Isso deu-nos tempo para aferir o peso das nossas mochilas… medalha de ouro para o Gabriel; dar uma volta pela Feira de Ermesinde, e para conhecer a catana do Jorge apelidada por ele, carinhosamente, de canivete!
Enfim, depois da espera, o desejado comboio e lá fomos nós até ao Tua. Aí, à nossa espera estava o guarda da estação, junto do qual tirámos a foto de grupo. 

 

 E foi aí que demos corda aos sapatos e sob o peso das mochilas começamos o nosso percurso. Fizemos uma pequena pausa junto a uma quinta de vinho do Porto, onde o caseiro amavelmente nos presenteou com duas garrafinhas do melhor licor dos Deuses, vinho do Porto do melhor. Aquecidos por aquele combustível enfrentámos a subida mais difícil do percurso. E com os”bofes de fora” chegámos à estrada que nos levaria à Linha. Passámos pelos trabalhadores da barragem que pensaram que fazíamos parte dos activistas contra a mesma que nesse fim-de-semana acampavam em protesto contra as obras. Desconfiados, acho que não acreditaram nas nossas explicações. Passamos pelo Fiolhal, terra bonita e simpática, onde retemperámos as forças com umas sandes, chouriço e claro…vinho do porto. Foi também aí o nosso primeiro contacto (de três) com os senhores agentes da autoridade que zelavam pela ordem, em dia de manifestação. Mais uma vez explicámos que não éramos activistas. 

 Já mais fortes, após o farnel, começámos a descer até ao local onde efectivamente íamos encontrar novamente a linha. De um lado, uma placa de perigo e as detonações das obras da barragem, do outro a linha ainda intacta, a lembrar viagens passadas. Trave após trave, seguimos as guias de ferro da velha linha de comboio. Foi também ai que se juntou a nós uma paisagem soberba, encosta abaixo, socalco a socalco, até ao Tua, insinuante e sinuoso no seu leito. Começámos a perceber que a tarefa de carregar as tendas, as mochilas e avançar, passo apertado marcado pelas traves da linha não ia ser fácil, mas éramos movidos pela vontade de cumprir um objectivo. 

 Assim, e na camaradagem de um grupo que se tornou uma família, lá fomos, estação após estação, animados pela conversa, pela paisagem, pelo barulho dos pássaros e do vento. É espantoso pensar que esta linha ligava povoações que agora quase desapareceram, era o comboio que trazia agitação e novidades, era o comboio que tornava o longe perto. Tralhariz, Castanheiro, Santa Lúzia, até S. Lourenço onde iríamos pernoitar, com a promessa de termos água quente das termas à nossa espera para um bom banho.

 Nas ruínas do que foram a termas e numa aldeia que mais parecia uma povoação fantasma, refrescámos a cara, lavámos os dentes e pouco mais, o banho iria ter que esperar. Mas animados, montámos as tendas junto à estação de S. Lourenço, onde acendemos uma fogueira e "limpámos" umas quantas latas de feijoada, almôndegas, jardineira etc, aquecidas num pequeno bico. A meio da noite fomos acordados pelo Sérgio, pelo Jorge e pelo André, que apertadinhos ocupavam os três uma tenda que à vontade dava era para um! E foi a meio da noite que se ouviu saltar a rolha da garrafa do vinho do Porto para matar a sede e o frio aquelas almas. Entre risos a cortar a noite voltamos a adormecer até ao toque de alvorada. Estava frio e prometia chover. Levantamos amarras e seguimos linha adiante. 

 

 As pernas já habituadas ao peso das mochilas e ao passo certo, fomos mais uma vez estação após estação, debaixo sempre da ameaça de chuva, que nos baptizou simpaticamente apenas com uns pequenos aguaceiros. Não foi isso que nos fez desanimar, continuávamos sobranceiros a uma vista fabulosa, com a força dos rápidos do Tua, alternando com zonas calmas e pardacentas. Passámos debaixo de pontes novas, por cima de pontes velhas, cujas traves permitiam ver o chão metros abaixo. Connosco, uma parte do tempo, caminhou um pescador desportivo, outrora instrutor de Sky em Andorra, ex instrutor de pessoas famosas como o Futre e outros. Presenteou-nos com a sua companhia, enquanto caminhávamos e com  as suas histórias de vida .

 

 Tralhão, Brunheda, Abreiro, até Ribeirinha. Foi aí que chegámos pelas 16 h e nos esperava ainda um sol tímido e morno que nos aqueceu do cansaço da viagem. Foi aí que fomos surpreendidos mais uma vez pela simpatia e hospitalidade das gentes no nosso país. O Sr. Abílio, a esposa e o filho, os donos do Café Luky-Luke e as gentes de Ribeirinha. Junto à estação mais uma vez armamos a barraca (verdadeiramente, a tenda). Num espaço da antiga estação que o Sr. Abílio nos cedeu, para quem não tinha tenda impermeável passar a noite, jantámos mais tarde, abrigados do frio. Depois do jantar, solas aldeia acima, fomos até ao acolhedor café da aldeia o Luky-luke, onde à beira de uma salamandra, passamos parte do serão.
No dia seguinte, a última etapa, a mais pequena, até ao Cachão. Caso para dizer “ da cova ao caixão” ou não? “ do caixão à cova” já em ritmo de cruzeiro cumprimos os últimos quilómetros, numa paisagem menos escarpada, menos socalcos, mais planície, mais rural, com quintais e pomares.

 

Chegamos à estação onde inicia o percurso ainda ativo, onde o comboio ainda existe e circula. Nada melhor que terminar esta aventura a andar de comboio. Numa visão diferente, através dos vidros da locomotiva, percorremos o que nos restava até Mirandela. Assim terminámos com o pouca-terra, pouca- terra e as histórias do simpático motorista. Em  Mirandela tirámos a desforra de três dias a sandes e latas de feijoada com uma boa posta ou uma boa alheira. Como novos, depois do almoço, a desejarmos um bom banho, apanhámos o expresso que nos trouxe de volta a casa.
Tua – Mirandela antes que a linha se afogue e com ela, décadas de histórias, encontros e desencontros. Numa paisagem que sabe de cor as vidas de quem por lá passou e que debaixo de água as vai guardar para sempre. Com um grupo de amigos, uma meta na mente e o nosso Portugal no seu melhor em volta, ficámos todos com saudades mesmo antes de acabar. E a sonhar com as traves da linha, com os parafusos datados do Rocha na mochila para recordação, as garrafas de vinho do Porto e de chiripiti vazias e as máquinas fotográficas cheias de fotos e lembranças terminamos por aqui… venha a próxima.

 Descrição feita pela Alexandra

 Mais Informação:

  • Percurso: Foz do Tua - Mirandela
  • Local: Tua
  • Partida/Chegada: Foz do Tua/Mirandela
  • Tipo: Linear
  • Grau: Médio
  • Sinalização: Nenhuma
  • Pontos de Água: 3
  • Exposição Solar: Alta
  • Pontos de Interesse: Rio Tua, Antigas Estações e Apeadeiros, Antiga linha férrea, Aldeia da Ribeirinha, Cidade Mirandela
  • Participantes: Sérgio, Jorge, André, Gabriel, Ricardo, Rocha, Alexandra, Sérgio Silva, Catarino, Sílvia, Rui
  • Dicas: Água, roupas adequadas às condições atmosféricas, protector solar
  • Mapa: Aqui
  • Organização: Solas Rotas
1º Dia
  • Percurso: Foz do Tua - S. Lourenço
  • Distância: 18 km
  • Duração: 6h
2º Dia
  • Percurso: S. Lourenço - Ribeirinha
  • Distância: 18.7 km
  • Duração:5h
3º Dia
  • Percurso: Ribeirinha - Cachão
  • Distância: 8km
  • Duração:2h
Custos
  • Ermesinde - Tua (Comboio) - 10,85€
  • Cachão - Mirandela (Metro) - 1,55 €
  • Mirandela - Porto (Camioneta) - 11,50€
  • Porto - Ermesinde (Comboio) - 1,90€

quinta-feira, 15 de março de 2012

29ª Caminhada: Rota do Xisto à Lupa

De todos os lados do país e além fronteiras também, foram os Solas Rotas caminhar, até Canelas, concelho de Arouca, onde a Rota do Xisto nos esperava, num dia solarengo e óptimo para mais uma bela caminhada.


Sempre a subir

Uma rota com início no centro da aldeia junto à Igreja Matriz, depressa nos fizemos à estrada, pois o dia prometia ser longo. Serpenteamos a aldeia e logo a encosta da montanha. Com o afastamento da aldeia as paisagens começaram a aparecer, a natureza e toda a sua beleza começava agora a rodear-nos.



Aldeia de Canelas

A subida até ao Centro de Interpretação Geológica de Canelas (CIGC), foi longa, mas como ainda estávamos frescos, rapidamente lá chegamos. Ali, para os mais apreciadores, foi possível observar fósseis de trilobites de inegável valor cénico e de extraordinário interesse científico.


Centro de Interpretação Geológica de Canelas (CIGC)

Depois desta pequena visita, para quem quis, retomamos o trajecto agora a caminho de Vilarinho, um percurso agora no sentido descendente, com curvas e contracurvas, bem no meio de total floresta.


Corta-fôlego

Ao chegar a Vilarinho repare-se na laje que revela Vilarinho como uma localidade já existente no Sec. IX. Vilarinho já ficava para trás, o trajecto era agora mais calmo, melhor definido, ligeiramente mais plano e de uma flora imensa.


Eu vou... eu vou... subir eu vou!

E eis que chegamos ao miradouro da cascata das Aguieiras, uma cascata belíssima, uma bela paisagem sobre o imenso vale e bem lá em baixo o rio Paiva contorcia-se entre as rochas e completava este belo retrato.


Encosta


Cascata das Aguieiras


Cascata das Aguieiras
 


Cascata das Aguieiras


Cascata das Aguieiras

Com o estômago composto, seguimos caminho, continuando a apreciar as belas paisagens que esta rota nos proporciona.


Vista sobre Alvarenga

Um pouco mais adiante, um pequeno desvio para a mina do Pereiro, uma mina escavada em granito onde nos foi possível visitá-la em segurança ao longo de 150 metros, desde que acompanhados da respectiva lanterna, pois ao longo do percurso da mina existem chaminés e poços que se podem tornar perigosos.


Goela da Mina do Pereiro

De volta ao percurso, era agora altura de tomarmos a direcção do rio Paiva, um dos mais limpos da Europa. Esta parte do percurso era bem mais técnica, com passagens estreitas, muita vegetação e pedras soltas, mas com mais ou menos habilidade, com mais ou menos ajuda, lá nos fomos aproximando do rio.


Foto de Grupo, excepto fotógrafo

Já junto ao rio, um pequeno descanso bem merecido e a famosa foto de grupo, claro que nestas alturas há sempre quem tenha mais queda para estas coisas, quer para tirar fotografias, quer para aparecer nelas. O rio apresentava-se muito limpo e convidava a um mergulho, mas ninguém se aventurou.


Espelho meu, espelho meu, existe alguma mimosa mais bonita do que eu?

O dia já ia longo, o percurso também, mas ainda era preciso voltar a Canelas, o nosso ponto de partida, não sem antes termos a oportunidade de visitar os moinhos, situados no ribeiro de Canelas, um afluente do rio Paiva.

Finalmente já se vêm os campos de cultivo, Canelas já está próxima, já se vê o ponto de partida, entramos pela parte baixa da aldeia, há que subir escadas, passar por vielas bastantes estreitas, mas a Igreja Matriz já aqui está à nossa frente. É tempo agora de recuperar o fôlego da longa caminhada que chegou ao fim. Temos agora mais três novos membros no grupo Solas Rotas, que receberam o seu boneco na habitual cerimónia de despedida.

Agora há que voltar a casa, novamente cada um com o seu trajecto, e esperando que a próxima caminhada chegue rápido.

Escrito por Pedro Pinheiro

Mais Informação:
  • Percurso: Rota do Xisto
  • Local: Arouca
  • Partida/Chegada: Igreja Matriz de Canelas
  • Tipo: Circular
  • Distância: 16 km
  • Duração: +/- 6 horas
  • Grau: Médio/Alto
  • Sinalização: Boa
  • Pontos de Água: 1
  • Exposição Solar: Média
  • Pontos de Interesse: Aldeia de Canelas, Centro Interpretação Geológica de Canelas, Aldeia de Vilarinho, Cascata das Aguieiras, Rio Paiva
  • Participantes: Sérgio, Mikhaela, Mikhail, Alina, Ariadna, Cristina, Jorge, Carlos, Dores, Carla, Andresa, Eduardo, Cristina, Raquel, Mário, Pedro, Julieta, Mário Rocha, Joana, Manuel Silva, António, Cláudio, Cláudia, Arnalda, Vera, Ana, Anabela, Peter, Conceição, Luís, John, Cristina, Julita, José, Maria, Sónia, Domingos, Rocha, Agostinha, João Costa, Jorge Neves, António Pinto, Pinheiro, Sandra, Sara, Marta, Luís, Paulo, Rosária, Elísio, Manuel, Alzira, Saul, Conceição, Gabriel
  • Dicas: Água, roupas adequadas às condições atmosféricas, bastão, botas
  • Mapa: Aqui
  • Organização: Solas Rotas
  • Outras informações: Câmara Municipal de Arouca
  • Mais trilhos: Aqui
MapaKMLGráfico de Altitudes

terça-feira, 13 de março de 2012

Novos Membros Solas Rotas

O grupo Solas Rotas tem agora mais 3 novos distintos membros: Domingos, Pedro e Julieta


Domingos


Pedro


Julieta

Para ser Membro do Solas Rotas, apenas tem que participar em pelo menos três caminhadas organizadas pelo grupo. Neste caso, é endereçado um convite informal ao participante para se juntar ao grupo e se aceitar será considerado como um novo membro.

Os membros têm caminhadas gratuitas ilimitadas para o resto da vida*.

Esperamos sempre por si.

*Excepto deslocação até ao inicio da caminhada.

terça-feira, 6 de março de 2012

29ª Caminhada: Rota do Xisto

Boas Amigos

Para o mês de Março, o grupo Solas Rotas, resolveu ir mais para o sul, e visitar o excelente concelho de Arouca, concelho este, que todos os anos nós visitamos. Assim sendo, desta feita, iremos percorrer o PR9 Rota do Xisto.

Trata-se de um percurso bastante interessante, mas gostaria de alertar que a equipa de reconhecimento classificou-o como Médio/Alto, devido a este, ter uma extensão superior ao que o grupo tem feito (16km), bem como alguns desníveis mais acentuados, e principalmente a parte final (mais técnica), que requer muita atenção.

Recomendámos o uso de bastão, e de botas, e também para aqueles curiosos, com alma de explorador, o uso de lanterna e/ou frontal, para que possamos visitar a mina de Pereiro, trata-se de uma mina escava no granito, com uma extensão de 150 metros até câmara.

Em relação ao percurso, gostaríamos de salientar, as casas nas aldeia de Canelas e Vilarinho (em Xisto), a magnifica vista da cascata das Aguieiras que nos proporciona o miradouro, o caminho pela margem do Rio Paiva, e os moinhos de água.

Todos aqueles que desejarem participar nesta iniciativa, devem enviar um email para solasrotas@gmail.com (nome, contacto, ponto de encontro), até ao dia 9 de Março (Sexta-feira).



Cascata das Aguieiras


Rio Paiva


Rio Paiva


Moinhos de Água

Mais Informação:
  • Percurso: Rota do Xisto
  • Local: Arouca
  • Partida/Chegada: Igreja Matriz de Canelas (Arouca)
  • Tipo: Circular
  • Distância: 16 km
  • Grau: Médio/Alto
  • Sinalização: Boa (C/Falhas)
  • Pontos de água: 2
  • Exposição solar/vento: Média
  • Pontos de Interesse: Aldeia Canelas, Centro Interpretação Geológica de Canelas, Aldeia Vilarinho, Miradouro para a Cascata das Aguieiras, Minas do Pereiró, Rio Paiva,
  • Mapa: Aqui
  • Data: 2012.03.11
  • Inicio: 10:00
  • Participantes SR: Sérgio, Leonel, Mário Rocha, Joana Rocha, Manuel Silva, António, Mikhaela, Anastasya, Mikhail, Jorge , Carlos, Dores, Carla, Cláudio, Cláudia, Rocha, Agostinha, Mário Araújo, Peter, Anabela, John, Cristina, Luís, Conceição, Sónia Oliveira,
  • Participantes: Cristina, João Costa, Alina, Ariadna, Jorge Neves, Andresa, Cristina, Eduardo, Pedro, Julieta, Arnalda, Ana, Vera, Julita, José, Maria Santos, Domingos, Andreia, Paula,
  • Dicas: Água, Bastão, Botas, Roupa adequada às condições atmosféricas, Lanterna ou frontal (opcional)
  • Reconhecimento: Sérgio, Leonel
  • Organização: Solas Rotas
  • Outras informações:
  • Outras informações: Câmara municipal de Arouca
  • Ponto de Encontro 1: Estação de Ermesinde (08:00) - N 41º 13' 00'' / W 8º 33' 13'' (+)
  • Ponto de Encontro 2: Igreja Matriz de Canelas (10:00) - N 40º 58' 23''.70 / W 8º 12' 02''. 52
  • Deslocação: 160 km (ida/ volta de Ermesinde)
  • Portagens: (?) € (ida/volta de Ermesinde)
  • Tempo de Deslocação: 1H30
  • Inscrição: solasrotas@gmail.com (nome, contacto, ponto de encontro)
  • Atenção: A caminhada não inclui seguro